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Nunca esqueceremos: histórias que marcaram a vida de Bombeiros Catarinenses

 

Na semana em que Bombeiros do mundo inteiro param para refletir sobre os atentados do dia 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos, que vitimaram mais de 340 Bombeiros de Nova Iorque, o Centro de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina faz um resgate de algumas histórias de coragem que marcaram a vida de alguns Bombeiros catarinenses. São relatos de ocorrências que mostram a evolução das técnicas de salvamento para minimizar os riscos da profissão e garantir a sobrevida humana e a minimização de danos. Anualmente, em 11 de Setembro, os norte americanos resgatam a campanha "Will never forget", "Nunca esqueceremos", chamando atenção para as vidas ceifadas durante os atentados em cinco pontos diferentes daquele país. Em Santa Catarina, perguntamos para três Bombeiros o que eles nunca esquecerão. Eis os relatos...

 

Hospital de Caridade

 

 

Com 32 anos de trabalho no Corpo de Bombeiros Militar, o Sargento Adelso Aci dos Passos acumula histórias de resgates e ocorrências com incêndios. Atuou no combate ao fogo no Camelódromo e no Mercado Público, ambos no Centro de Florianópolis. Em mais de três décadas de atendimentos, algumas ocorrências tornaram-se inesquecíveis, como o incêndio no Hospital de Caridade, ocorrido em cinco de abril de 1994. Naquele dia, o Sargento estava no primeiro caminhão de combate a incêndio que chegou ao local, iniciando o resgate dos pacientes que ainda estavam dentro do Hospital.

 

 

Devido ao grande número de vítimas e a rapidez com que as chamas se espalharam, os moradores da região também auxiliaram na retirada dos pacientes. O Sargento Passos se recorda da rapidez com que o fogo se propagou, obrigando os Bombeiros a removerem os pacientes e a deixá-los em local seguro, até que pudessem ser levados pelas ambulâncias para outros hospitais da região. A rua de acesso ao hospital de Caridade é bastante íngreme e revestida por lajotas, dificultando a entrada do caminhão de combate a incêndio que o Corpo de Bombeiros Militar dispunha na época. O trabalho de combate às chamas e rescaldo levou aproximadamente 48 horas e contou com o apoio de populares e guarnições de outros municípios.

 

 

 Acidentes de Trânsito

 

 

Cerca de 30% das ocorrências operacionais atendidas pelos Bombeiros Militares no estado são relativas a acidentes de trânsito. As histórias de vidas salvas se somam às tragédias que alguns Bombeiros se sentem impotentes por não poderem evitar. Sentimentos que são carregados por anos de profissão e que são compartilhados aos pares nos corredores dos quarteis e nos cursos de aperfeiçoamento, para que as novas técnicas de resgate suplantem a dor das perdas.

O Sargento Luiz Darci de Morais, do 2° Batalhão, em Curitibanos, é um dos Bombeiros mais antigos do estado em ativo serviço. Com quarenta anos de trabalho, ele relembra um acidente que o marcou como profissional e que o fez repensar sobre o trânsito urbano. Eram idos década de 1980 quando o Sargento Morais estava se deslocando, juntamente com outro soldado, em viatura administrativa, para a Capital. Ao passar pelo trecho conhecido por “Serra da Santa”, em Pouso Redondo, se deparou com um grave acidente. “Um caminhão havia passado por cima de um veículo de passeio. Não havia mais o que fazer. Cinco vítimas em óbito estavam presas no carro: o casal no banco da frente e três crianças no banco de trás.”

Como na época não havia telefonia celular, o Sargento retornou a um posto de combustíveis para fazer contato com o Corpo de Bombeiros, acionando apoio e viaturas de resgate para retirada dos corpos. “Quando outras equipes chegaram, tive que seguir viagem pois tinha horário para estar na Capital. Assim que cheguei no quartel de Florianópolis, fui informado que no carro, entre as vítimas mortas, havia mais uma criança: Um bebê de dois meses, que estava vivo. Ele fora o único sobrevivente daquele acidente. Hoje nossas técnicas de atendimento são outras. Nossa forma de olhar para um acidente também mudou. Mas, por muito tempo me incomodou o fato de eu não ter visto aquele bebê já no momento em que chegamos à cena do acidente.”

 

 

 

 

Enchentes e Desastres Naturais

 

 

 

No primeiro ano de trabalho como Bombeiro Militar, o Sargento BM Eugênio Roberto Venzon teve que iniciar suas atividades atuando em uma das maiores enchentes ocorridas em Santa Catarina. Em 1983, após um longo período de chuvas, as regiões do Vale do Itajaí e Sul do Estado sofreram com alagamentos em consequência da elevação nível dos rios. Em Blumenau, por exemplo, o Rio Itajaí-Açu chegou a atingir 15 metros. O Sargento Venzon chegou a trabalhar quase 30 dias seguidos durante a enchente, para resgatar pessoas e levar mantimentos aos necessitados. Após a temporada de chuvas, atuou lavando estabelecimentos públicos como escolas e creches, para o reestabelecimento da normalidade. O Militar também auxiliou a CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) a enterrar animais que se afogaram duarante as cheias.

Durante o período de mobilização, o Sargento foi acionado para resgatar duas famílias que estavam ilhadas em uma casa de dois andares. O nível da água já estava próximo ao 2º teto da residência, que abrigava quatro crianças acompanhadas dos pais. O bote dos Bombeiros navegava na altura dos postes, não sendo possível identificar se estavam sobre a rua alagada ou sobre a correnteza do Rio Itajaí Açu. Os Bombeiros localizaram a casa e resgataram todos os moradores com vida, transportando um por um para dentro do bote. Ao terminarem o resgate, ouviram moradores de outra casa pedirem por socorro. Nos fundos de uma residência, uma lancha com quatro pessoas era arrastada pela correnteza. Ao se aproximarem, os Bombeiros constaram que se tratavam de dois Policiais Militares que levavam uma mulher gestante e uma criança. Porém, o motor da lancha falhou e um dos PM's apresentava fortes cãimbras. As vítimas se agarraram às folhas de uma palmeira no jardim da residência e foram alcançadas pelos Bombeiros. “Nos amarramos em uma corda e entramos na correnteza. Na época, não tínhamos os mesmos equipamentos de segurança que são utilizados hoje, mas conseguimos alcançar a embarcação e retirá-los do local”, lembra o Sargento Venzon.

Apesar da prevenção dos Bombeiros, muitos moradores hesitaram em deixar suas casas, com receio de perderem os bens materiais. Após o nível da água ter aumentado ainda mais, os moradores se viram obrigados a deixar as residências, ocasionando uma superlotação nos botes salva-vidas. Mesmo com a grande quantidade de vítimas e sem as mesmas técnicas e equipamentos de salvamentos que dispoem atualmente, os Bombeiros conseguiram resgatar todos os moradores com segurança.

 

 

 

Texto: Krislei Oechsler- Jornalista e Mônica Andrade- Estagiária

Fotos: Arquivos CBMSC e Jackson Jacques- Soldado-BM

Centro de Comunicação Social

Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina

 

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