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HISTÓRIAS DE BOMBEIROS: CORONEL PM RR LAZZARIS ALÉM DA EMANCIPAÇÃO

Realização. Esta foi a palavra escolhida pelo Comandante-Geral de Honra, Milton Antônio Lazzaris para descrever a trajetória dele no Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.

O coronel PM RR Lazzaris foi o primeiro a trazer lembranças para o novo projeto de resgate do CBMSC, intitulado “Histórias de Bombeiros”, lançado nesta segunda-feira, 27, junto com o novo site da corporação, em homenagem aos 95 anos.
 

Como entrou no militarismo

Em 1968 o coronel Lazzaris deixou para trás a carreira de padre, quando estava no seminário e retornou para a casa na cidade de Siderópolis. Foi nas férias, quando um tio, Major da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), na época, o instigou com a ideia de que o jovem prestasse concurso público, para a carreira de Oficial da PMSC.

“Eu como não estava fazendo nada e tinha decidido não ser mais padre, resolvi tentar a carreira militar. Vim para Florianópolis, passei no concurso e fiz a escola de formação de oficiais de 1969 a 1962”, lembra.

“Foi uma mudança muito radical, diferente da vida que eu tinha, mas aos poucos eu fui me adaptando. Todos nós temos momentos de crise, uma época pensei em abandonar também o curso, a pressão era bastante forte e os momentos de insegurança existiram na minha vida, mas eu consegui superá-los e me formei em 15 de dezembro de 1972”, complementa.

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A escolha pelo CBMSC

Após o término do curso, cinco militares escolheram seguir a carreira no Corpo de Bombeiros Militar, era 17 aspirantes a oficial na turma e a escolha das vagas era feita de acordo com a colocação no curso, os alunos com as melhores notas ficavam nas primeiras posições e poderiam decidir onde servir.
“Nós nos apresentamos em janeiro de 1973 ao nosso ex-comandante, o saudoso coronel Milton Ramos do Prado”, reforça.

Foi um professor que despertou a vontade do jovem Lazzaris a servir no CBMSC. “Na época era o capitão Edson Carlos Ortiga, que também serviu por muitos anos aqui no corpo de bombeiros. As aulas dele eram diferentes das outras e isso despertou em alguns alunos, entre os quais eu me incluo, a vontade de servir na corporação. Quando a escolha apareceu a gente teve a sorte de poder fazer o que a gente imaginava que seria bom e de lá para cá eu praticamente servi 30 anos da minha vida policial militar dentro do corpo de bombeiros”, diz.

Quando questionado se foi uma boa escolha, enfaticamente o coronel Lazzaris responde: “eu me sinto alguém privilegiado, alguém profissionalmente realizado e se eu tivesse que fazer, eu voltaria a ser aluno oficial e escolher, agora talvez mais do que naquela época, servir no corpo de bombeiros”.

Histórias de Bombeiro

Um dos momentos marcantes da carreira, destacado pelo coronel Lazzaris, foi em 1975, quando fez o Curso de Especialização de Bombeiros para Oficiais, em São Paulo. “Era uma realidade muito diferente da nossa, com instrutores muito competentes, muito firmes e rigorosos, então a gente passou um cortado lá, com educação física, natação, mergulho, coisas que a gente fazia aqui, mas não com tanto apuro. Lá a gente foi muito exigido e graças a Deus conseguiu também com destaque superar esse ano de formação lá e foi o que determinou o restante da nossa carreira. Conhecemos melhor a profissão, tivemos uma base técnica científica para poder comandar os bombeiros, ensinar e transmitir informações que a gente também conseguiu obter lá”, relembra.

Outra memória do coronel Lazzaris foi referente ao capacete utilizado na época, que era de fibra, diferente dos utilizados hoje.
“O meu era todo quebradinho, todo riscado. Um dia o comandante Uriarte (Luiz Eugênio de Carvalho Uriarte), ia assumir o comando dos bombeiros e eu estava com meu capacete e ia comandar a tropa na formatura de passagem de comando. Nós estávamos no ginásio da PMSC, na época eu era capitão e o meu capacete estava um pouco quebrado, porque ele era de fibra, então quando caía ele lascava a beirada, estava um pouco amassado também. Aí o coronel me chamou e disse: ‘ô capitão, esse teu capacete aí está mal cuidado, né?’ e eu respondi que era o dia a dia, que o operário que está na obra e cai um tijolo amassa, bate uma quina. ‘Não é mal cuidado, não, o senhor pode ter certeza’, eu disse. Aí o coronel ficou meu amigo”, relembra.

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Missão: enquadrar a tropa

E sobre a tropa, o coronel Lazzaris fala de uma fama não muito positiva que os bombeiros tinham na época. “Nós tínhamos fama, o bombeiro, especialmente o GBS, de uma tropa desenquadrada, indisciplinada. O coronel Uriate, a mando do nosso comandante-geral da PMSC na época, Lázaro Braga Filho, foi escolhido para botar ordem na casa. O coronel Uriarte era muito rigoroso, da linha dura. Ele tinha fama de ser um cara que realmente impunha disciplina, na base do regulamento. Ele chegou no bombeiro, com aquela vontade de enquadrar, mas viu que não precisava enquadrar. Eu trabalhava com ele na época, no Estado-Maior Geral e devagarinho nós fomos conversando e mostrando pra ele que não era o que o comando-geral pensava, que a tropa era extremamente disciplinada, consciente, respeitosa, não havia nenhum problema, e ele foi observando, foi observando e me disse: ‘po, Lazzaris, aquelas nossas conversas realmente tinhas razão, o bombeiro não precisa ser enquadrado, o bombeiro precisa ter mais liberdade e autonomia para poder cumprir a sua missão como os técnicos bombeiros acham que tem que ser’, e foi um grande comandante que a gente teve, apesar de ser um policial cem por cento”, revela.

Diferenças da corporação ontem e hoje

“É uma coisa extraordinária”, diz o coronel ao ser questionado das diferenças. “Os bombeiros que entram aqui dois, três anos após a emancipação se surpreende, acha que entrou no lugar errado, não era aqui que era o bombeiro. Esse bombeiro agora, de 2005, 2006, 2021 não é aquele bombeiro de 1998, de 2003 ou de mais antigamente. As mudanças foram muito radicais, nós demos um salto de gigante, em pouco tempo. Foi uma instituição que tinha, segundo a avaliação de todos nós que estávamos naquela época, uma demanda muito reprimida. E essa demanda fez com que a gente, sem querer, se preparasse para esse futuro, que veio também de forma muito rápida e a gente conseguiu recuperar grande parte do tempo que ficamos reprimidos dentro da Polícia Militar”, exclama.

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Comandante-Geral de Honra e homenagem aos veteranos

No dia 07 de agosto de 2017, o coronel Lazzaris recebeu do então Comandante-Geral, coronel RR João Valério Borges o título de Comandante-Geral de Honra do CBMSC, como forma de reconhecimento institucional, por toda a campanha da emancipação.
“Eu me sinto muito orgulhoso de ser o comandante de honra, é uma homenagem que está profundamente gravada no meu coração e eu agradeço a todos os bombeiros de Santa Catarina por esse reconhecimento”, declara.

No dia 22 de janeiro de 2021, o governador Carlos Moisés da Silva decretou o Dia Estadual do Bombeiro Militar Veterano, comemorado no dia 18 de maio, data em que o coronel Lazzaris faz aniversário.

“A gente também é surpreendido por essas coisas, porque eu acho que não mereço tudo isso, mas também não posso recusar, então eu aceito tudo isso de muito bom coração, com muita gratidão, acho que é uma coisa que vai orgulhar minha família, meus filhos, meus netos em conhecer essa história, saber que o vô, o pai, foi reconhecido, homenageado, isso faz muito bem pro coração da gente. Eu me sinto lisonjeado e muito agradecido”, se emociona.

 

Veja o vídeo na íntegra


O projeto “Histórias de Bombeiros” é uma produção do Centro de Comunicação Social do CBMSC
Coordenação e produção: Capitão Juciane da Cruz May
Entrevista, roteiro e edição de texto: Melina Cauduro – Jornalista do CBMSC
Captação de imagem e edição de vídeo: Soldado Eduardo Silva De Souza

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