A manhã desta quinta-feira (17/03) foi especial para as crianças que são atendidas pelo Serviço de Atendimento Especializado (SAE) de Araranguá. Após a consulta rotineira com a médica do programa, elas receberam a visita dos profissionais do Corpo de Bombeiros Militar de Araranguá e Sombrio. Os bombeiros trouxeram muito mais do que ovos de Páscoa para as crianças: levaram carinho e solidariedade, em troca arrancaram sorrisos, receberam abraços de meninos e meninas portadores do vírus da AIDS e o agradecimento emocionado dos pais e profissionais do programa.
Um menino de 5 anos, que sonha em ser bombeiro, ficou ensaiando a música “Seu Bombeiro”, de Munhoz e Mariano, para cantar quando os combatentes do fogo chegassem. Ele parecia não acreditar que seus heróis viriam ao seu encontro e de seus amiguinhos, companheirinhos de luta contra a doença. “Mas eles vêm mesmo, são eles que vão vir?”, perguntava o menino.
No cantinho dos brinquedos, onde tem uma mesa de desenhos, uma menina de sete anos ficou boa parte da manhã pintando um coelho da Páscoa para dar aos seus heróis. Por volta das 9h30min, os tão esperados bombeiros de Araranguá e Sombrio chegaram ao SAE, já na porta foram recebidos por uma menina de oito anos, que agradeceu e disse ter ficado muito feliz com a visita dos militares.
Enquanto entravam, os combatentes do fogo iam distribuindo os ovos de Páscoa e os kits de bombeiros para as crianças, iam cumprimentando, conversando com os pais, ganhando abraços dos pequenos e seguiam pelo corredor do programa ouvindo a música “Seu Bombeiro”, ensaiada pelo menino que sonha em ser como seus heróis quando crescer. A menina que fez a pintura para os militares entregou o desenho com um sorriso tímido para o 1° Tenente BM Marcelo Della Giustina da Silva.
O garoto que sonha em ser bombeiro conversou com o 1° Tenente BM Marcelo e com todos os militares presentes, ganhou abraços e carinho de todos, porém bateu um longo papo mesmo com o tenente. Curioso, questionou sobre a rotina dos militares, falou um pouco sobre ele, sua mãe, do que gosta de brincar e perguntou com um sorriso enorme no rosto: “tu é bombeiro mesmo?” Para o militar, a manifestação afetiva da criança simboliza a imagem da instituição perante a sociedade. “Ter este retorno da criança, que ela quer ser bombeiro, para nós é o que simboliza a nossa credibilidade diante da sociedade. As crianças se espelham em nós para poder ser pessoas de bem e isto é gratificante. Tivemos também a oportunidade de recebermos um desenho de uma das crianças, que nos emocionou bastante, pelo que passaram para nós ela ficou a manhã inteira ali pintando e desenhando, para nós é muito gratificante”, declarou o oficial.
A mãe adotiva do menino que sonha em ser bombeiro, uma mulher de 42 anos, falou que para ele foi muito emocionante poder ver e cantar para os bombeiros. O Cabo BM Guilherme, responsável pelo setor de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros de Araranguá, pediu para a mãe ligar para o quartel e levar o menino até a instituição, para que ele possa conhecer a estrutura e ter um dia de bombeiro. “lá no Corpo de Bombeiros a gente tem a prática de receber bem a criança, porque a partir do momento que você trata bem a criança e ela se apaixona pela realidade da corporação, futuramente ela pode vir a ser um bombeiro e estar salvando vidas. Estamos sempre com as portas abertas para que as crianças possam conhecer o quartel, fazer uma foto com o fardamento do bombeiro, conhecer as viaturas, o aquartelamento, enfim, estamos sempre a disposição para atender as crianças da cidade”, revelou.
Também participaram da atividade o Cabo BM Clailton, o Soldado BM João Ricardo e as Bombeiras Comunitárias Tamires Concencio e Rejane da Silva.
A enfermeira Tiane Ramos do Canto, coordenadora do programa, falou da dificuldade de receber doações, em razão da pouca divulgação do serviço. “As pessoas até se admiram quando a gente fala que trabalha com crianças e adultos soropositivos, porque não tem muito conhecimento deste serviço. A gente não divulga tanto, porque a sociedade, infelizmente, ainda tem muito preconceito e esta iniciativa dos bombeiros depois que souberam do serviço, virem até aqui fazer uma doação exclusiva de ovos de Páscoa é inédita. Foi a primeira vez que alguma instituição decidiu doar ovos de Páscoa e para as crianças, e isto tem um significado enorme, porque a maioria dos pais das nossas crianças não tem condições de comprar um ovinho pequeninho sequer. Trabalhamos com crianças que já são vitimizadas pela vida que levam, pelo doença que tem e pelo preconceito que a doença carrega, qualquer coisa que se faça para o bem delas é muito bem-vinda”, expôs Tiane. A enfermeira ainda agradeceu a instituição. “Quero agradecer o Corpo de Bombeiros que eu não sabia que fazia caridade, eles já prestam um serviço à comunidade de tamanha relevância, que eu não imaginava que ainda tinha essa parte social. Para nós foi muito bom receber eles aqui”, disse Tiane.
Créditos: Jornalista Gislaine Fontoura
